terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Incrivel Noite De Francis-Parte 1

Nem tão incrivel assim,pra quem já passou a noite na Augusta ou se drogou/bebeu/trepou/morreu em qualquer canto sujo e feio com gente estranha.
Diria que é uma homenagem de fim de ano.Esse ano LIXO pra caralho,que eu só fiz merda,ihihihihih.
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A Incrivel Noite De Francis


Meu nome era Francis,apenas isso.Um nome horrivel para um homem que agora carregava miseros 21 anos de idade nas costas.
Bom,meu nome ainda é esse.
Tudo bem,tudo bem,que se dane.Isso não tem nada a ver com o titulo.Não farei o jogo dramatico do poeta drogado...

Aquela noite foi genial.A noite que todo apreciador de música gostaria de ter,a noite dos viciados,das putas,dos esquizofrenicos e dos fãs de Sheakspeare também.
Não faz muito tempo,no maximus um mês.Estranho notar que eu tinha uma banda naquela época.Mas não faziamos parte do underground,nem do mainstream nem de nada,apenas...tocavamos.
Uma brincadeira apoiada nos riffs de uma misera Squier Jagmaster pintada de branco,na esperança de criar algo novo- era só isso que precisavamos.

Recebemos o convite-Eu,Julio e Tonny- os infames membros da banda Minerva (um nome bem gay,devo concordar).
Convites esses que vieram da nossa groupie Ellen (porque chamar groupie de fanzoca é coisa de filme mal dublado,vide Quase Famosos),uma das poucas-e boas-mulheres que por um acaso viraram fãs da nossa banda.
Ellen era uma loira bem chata na maioria do tempo,que só me pedia haxixe e trepou com todo mundo da plateia,menos com a banda.
Mas finalmente ela fez algo util.
3 convites/entrada VIP para a Highway,a balada mais famosa da Rua Augusta,aonde ia toda a cena musical-e vagabunda- da cidade.

Highway,A balada,o sonho de todo musico emergente na cena brasileira.Foi lá dentro que a Courtney Love pegou o Marcelo D2,e que o Rodolfo resolveu virar crente.
Acredite se quiser,quem me contou isso não estava nem um pouco sobrio na hora.

Chegamos os 3 na porta da bendita balada,cedão ainda,não era nem meia noite.Tonny não disse nem um "oi" decente e saiu correndo atrás do pó.E eu já tinha fumado tantas coisas,das mais variadas cores,que podia escutar o Hendrix tocando 'Foxy Lady" do meu lado,como se fosse um velho amigo.
Julio era o mais quieto do grupo,bebendo sua reles cerveja.Só mais um cabeludo fã de Metallica.Mas apreciava com louvor o movimento feminino.
Tantas mulheres...e eu no meu tipico estado ridiculo.

E quem vinha descendo a rua? Lucca,um velho conhecido meu,com as drogas certas na hora certa.Sem contar que era um puta conhecedor de música.Lucca vem com Tony ao lado,e pelo visto os dois já tinham cheirado.
Tony apenas me estende a mão e passa a substancia ilicita,a qual eu prontamente pego e me dirijo ao primeiro banheiro sujo que apareceu pela frente.
Deixei Lucca falando sozinho,é claro.Me desculpem,mas ouvir falar das belas obras de Wagner a meia noite,cercado pelos bêbados...não dá!

Ah,a festa.Admita que você quer saber se vou encontrar a Courtney Love lá dentro não é?
Vai esperar.
Dentro do banheiro,enquanto preparava uma bela carreira,com a calma de um monge,batem na porta.Não,não era o Detetive do Misterioso e muito menos o Jim Morrison.Era melhor do que isso.
Renata,a musa de minha vida,a mulher mais linda já vista no globo terrestre.A mais digna das putas gregas.Suas palavras eram uma canção na voz de Eros.
Devo ter exagerado,é claro,mas de fato eu achava cada fio de cabelo negro dela,os olhos verdes e a pele branca,uma obra de arte.
Infelizmente minha vontade de cair encima dela foi anestesiada no momento em que ela,secamente,me pede apenas para dar um tiro.A maldita me viu subindo as escadas pro banheiro.
Agora me lembro,Renata é a namorada do Julio,o baterista filho da puta da minha banda.
Genial.
Ela sai do banheiro fungando e vai arrumar a maquiagem,enquanto eu dou uma ultima olhada na bunda da deusa grega.Era melhor ir logo pra merda da Highway.

Augusta lotada,você já viu isso antes.Lucca continuava no mesmo canto,mas não falava mais de Wagner e sim do The Clash com Tony,que estava mais travado que um dos corpos de Pompeia.
Lembro que foi lá,nessa rua maldita que encontrei os dois caras,e o gosto pelas melodias do Weezer e do Radiohead,o peso do Slayer e as drogas do Pink Floyd nos fizeram montar uma banda.
Entretanto naquela noite,cada um de nós estava numa brisa diferente-Tonny preso na farinha e no The Clash e Julio possivelmente com a deusa grega ajoelhada e o chupando num canto escuro qualquer.

Chega!
Finalmente entro na Highway,e o som do Rolling Stones invade a minha mente (e nem sou fã).Mas deu o tom certo a festa.
Lá dentro vejo toda cena musica de São Paulo e até de outros estados.Goticos,exentricos,indies,headbangers,stoners,drogados,músicos de estudio,musicos de rua,todos empolgados,ou melhor dizendo-chapados.
Desisto e me jogo no primeiro sofá que encontro.Quer uma dica? sofá de balada de rock não presta,pode ter de tudo lá,até sua ex morta.
Olho pro lado e quem está lá? Jorgen Ben Jor batendo um papo com o Angus Young,os dois tomando um belo uisque.É claro que eu pedi um gole,que o Jorge me deu não muito animado,pelo visto não tava bom eu ficar por ali.

Vou ao banheiro cheirar mais um pouco,era o melhor que eu fazia.